O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem um série de encontros previstos durante a Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU), a COP 28, nos Emirados Árabes, nesta semana.
Uma das reuniões na agenda é com o Papa Francisco. Segundo diplomatas ouvidos pela GloboNews, a expectativa é de que os dois conversem sobre iniciativas humanitárias em busca da paz, especialmente no confronto entre Israel e Hamas, além das preocupações com o aquecimento global.
Lula também quer convidar o Papa para participar da COP30, que será realizada em 2025, em Belém.
Em maio deste ano Lula e o pontífice conversaram por telefone, e, em junho, se reuniram no Vaticano para um encontro de 45 minutos. O petista chegou a ser recebido por Francisco no Vaticano também em fevereiro de 2020, e recebeu uma carta do Papa enquanto estava preso, em Curitiba.
O magnata norte-americano Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, também deve se encontrar com o presidente brasileiro.
Lula ainda se reúne com líderes globais como os presidentes da União Africana, Azali Assoumani; o presidente de Israel, Isaac Herzog, para falar sobre a busca por uma medida de paz entre Israel e Hamas; e o secretário-Geral da ONU, António Guterres.
Na agenda, também estão reuniões com líderes europeus, como o presidente da França Emmanuel Macron; o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A expectativa é que os encontros sejam focados na conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Na viagem, Lula fará um giro por três países do Oriente Médio e pela Alemanha:
Riade, Arábia Saudita;
Doha, Catar;
Dubai, Emirados Árabes;
Berlim, Alemanha.
Até a parada final, na capital alemã, há a expectativa de que o acordo esteja encaminhado para ser finalizado.
O presidente do Brasil pretende fazer, se necessário, o "último esforço a nível político" para selar a negociação junto ao primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. Enquanto isso, negociadores técnicos devem fazer uma rodada final de conversas para alinhar as demandas finais.
Fontes do Itamaraty afirmam que o governo brasileiro trabalha para conseguir anunciar ainda durante a cúpula do Mercosul, que ocorrerá nos dias 6 e 7 de dezembro, no Rio de Janeiro, a conclusão do acordo comercial do bloco sul-americano junto à União Europeia.
Apesar dos avanços nas negociações, todos os lados ainda adotam a cautela sobre a conclusão do termo negociado desde 1999. Dois temas, inclusive, foram apontados como os de maior dificuldade para um entendimento entre blocos:
Compras governamentais: a União Europeia defende a participação de empresas dos países-membros dos dois blocos, em condição de igualdade, em licitações governamentais em todos os países pertencentes ao acordo.
O Brasil, a pedido do presidente Lula, defendeu a retirada desse ponto do acordo. Lula inclusive reforçou aos europeus que não abre mão da questão das compras governamentais nas negociações do acordo entre a UE e o Mercosul.
Segundo fontes da diplomacia brasileira, a União Europeia demonstrou estar aberta a um acordo nessa questão.
Nova lei europeia do desmatamento: a nova lei europeia dá à UE o poder de anular concessões que foram negociadas durante 20 anos. Para negociadores brasileiros, o ponto não é razoável para o Brasil e o Mercosul.
O Brasil busca um mecanismo que permita, no caso de a lei ser aplicada, uma compensação pra reequilibrar o acordo comercial entre os dois blocos, visto que a norma europeia poderia ameaçar as exportações do Mercosul.